terça-feira, junho 27, 2006

Se fosse possível

Hrabina Grodner von Buchholz

faria andar para trás o tempo naquela manhã em que ele me abraçou, tão para trás!

Mas a vida não muda, melhor, sonhar não muda a vida. Pelo menos a minha e a das que são como eu.

Se aquele homem não tivesse aparecido no café pertinho do liceu, se não se tivesse sentado na mesma mesa, se não me tivesse pago um café e conversado comigo como se o entendesse, se não me tem feito sentir diferente, amada, adulta...

Se! Porra, mas fez! E agora? Vais chorar outra vez com peninha de ti?

Fizeste um homem infeliz e era um homem bom. Ok. E então? Quem se preocupou contigo quando ficaste sozinha depois de te expulsarem de casa?

Um homem bom... e quantos antes dele te usaram sem te ver?

Tu tens uma razão, não foi capricho, tens um filho a manter, longe de ti para o proteger da vida que há cá fora.

Até quando vou eu conseguir isso? Todos os meses mais despesas. Todos os anos mais roupas e mais livros. Até quando?


iras


Que coisa linda, filho!

A directora disse que pensaste que a mãe não vinha mais. Nunca acredites nisso, nunca mesmo. A mãe há-de vir sempre. Só teve mais trabalho. Um trabalho diferente e muito longe, numa montanha linda.

Vem, senta-te aqui. Trouxe fotografias desse lugar para tu veres.

(não será bem o fim)

3 Comments:

Blogger Licínia Quitério disse...

Ih! Gosto mesmo da tua escrita. Tens leitora assídua.
Beijinhos.
Licínia

1:09 da tarde  
Blogger Alberto Oliveira disse...

O tempo não volta mais para trás; visitamos, isso sim, pedaços do tempo que fomos. Se fosse possível fazer voltar o tempo atrás, ia-se o gosto da vida, da surpresa, do mistéria. teríamos oportunidade de apagar os nossos erros, ou, de possuirmos um currículo isento de pecado. Seria uma pasmaceira, a perfeição pela emenda...

2:03 da tarde  
Blogger della-porther disse...

Lindo...Lindo...
Voltam sim, as mães voltam, eu também sei.

Adorei

9:23 da tarde  

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